PONTO ARTE GARAPA
Lançamento do Livro de Contos "Pankada"
DATA: 27 de Abril de 2012
HORARIO: 20 horas
Apresentação do monólogo "O Homem Com A Bala Na Mão"

REALIZAÇÃO - Ponto de Cultura Atyer Garapa
Este texto é o responsável por minha ausência neste
blog. 2007 foi um ano que jamais me esquecerei, só espero não passar por
nada parecido de novo. Fiquei sem grana nenhuma, não aparecia trampo,
nada. Durante um mês descia todos os dias no supermercado e comprava 3
pães. Comia um de manhã, outro a tarde e o último a noite. Parecia que
não ia acabar nunca. Já passei por perrengues e perrengues, mas este
veio de surpresa e por isso marcou tanto. Como “1933 Foi Um Ano Ruim” do
Fante. Não tinha a quem recorrer e nem pra onde ir. Sempre que me
trancava no quarto chorava pra cacete, me sentia um derrotado e vinha a
merda da vontade de pular pela janela. Um dia cheguei a sentar nela, por
sorte o brother que dividia o apê comigo na época apareceu e me
segurou.
Só depois de muito tempo vi a merda
que tava fazendo, não sei se ia soltar o corpo ou não. Não sei mesmo,
mas eu tava lá a ponto de desistir de tudo de um jeito ou de outro. Meus
pensamentos começaram a me perturbar muito e então resolvi escrever
sobre isso, numa tentativa de salvação. Tinha um pouco de medo do que eu
pudesse fazer, involuntariamente. Sempre insisto em dizer que não temos
noção do que somos capazes.
Ficava me
perguntando, o que passa na cabeça de um sujeito minutos antes de dar
cabo da vida? Me liguei que somos todos suicidas em potenciais. Mas
porque uns chegam ao ponto de e outros não? São corajosos ou covardes?
Perguntas do senso comum, que sempre nos acompanham. Foi então que me
fechei e comecei pesquisar sobre tudo relacionado, já sabendo que nunca
teria uma resposta exata, mas talvez pudesse chegar próximo, ou
descobrir outras coisas.
Com o tempo tudo isso
foi me aliviando, mas num determinado momento, comecei desanimar, por
achar já um assunto gasto e vi que não ia dar em nada, então convidei
dois amigos pra me ajudar escrever, mas por razões próprias, ou
desinteresse do assunto na época, não rolou. Quase desisti com isso,
tava foda. Foi então que resolvi ir ainda mais afundo nas pesquisas e
tentar mais uma vez. Comecei abrir a idéia pra algumas pessoas e elas
iam me indicando coisas e coisas.
Conheci
irmãos, pais, amigos de suicidas que também foram me ajudando. Descobri
histórias e histórias, como a do Vinicius Gageiro Marques, conhecido
como Yoñlu no mundo virtual que se suicidou com a ajuda de pessoas que
freqüentam um fórum na internet com esse intuito. Estava com a webcam
ligada e as pessoas assistiram. Vi um maluco que se jogou do prédio
atrás do meu trampo. O corpo ficou lá estatelado o dia todo, com uma
arma no chão e os miolos espalhados. Teve outro que estourou um rojão na
boca, também do lado do meu trampo etc. Como o tempo percebi que isso
tava pesando e novamente quis desistir. Puta assunto punk pra se
pesquisar. Começou bater depressão e a porra toda. De não conseguir sair
da cama, tomar banho etc.
Deixava tudo jogado no quarto, não tinha
vontade de arrumar nada. Contei como estava pra uns amigos e disseram
que parecia ser depressão mesmo. Preocupado comecei procurar
psicanalista público, mas assim que consegui acabar o primeiro
tratamento do texto me senti melhor e tive certeza que era isso que tava
me fodendo, daí me poupei de gastar uma grana se fosse preciso e tempo.
Li muito sobre depressão. Sempre achei que fosse doença de rico, mas
tem pessoas que nascem com uma disfunção cerebral, onde ele não consegue
produzir serotonina e então, tem que passar a vida tomando remédios.
Pensei que tivesse isso.
Enfim, aprendi pra
cacete sobre o assunto e consegui escrever o texto. Claro, impossível
fugir do senso comum com um tema deste, mas imprimi meu ponto de vista,
fruto desse monte de coisas que pesquisei, por um pouco mais de um ano.
Quando estava fechando-o, me ausentei daqui. Agora me ausento pra
decorá-lo. É coisa pra cacete e como escrevi milhões de versões, na hora
de decorar confundo tudo.
Espero estréia-lo este ano ainda em São
Paulo. Primeiro vou viajar pelo interior pra tentar levantar uma grana.
Não consigo esperar projetos, leis etc, prefiro ir fazendo. Se der certo
até o fim do ano espero que meus amigos daqui possam assistir. “O HOMEM
COM A BALA NA MÃO.” Tem muita gente que me ajudou depois do primeiro
tratamento lendo-o e dando opiniões e tem algumas pessoas me ajudando
nesta nova empreitada. Valeu.